domingo, 24 de agosto de 2014

Praiera dos meus amores,encanto do meu olhar (Praiera, Serenata dos Pescadores)

Praiera (Othoniel Menezes) Praieira dos meus amores, Encanto do meu olhar! Quero contar-te os rigores Sofridos a pensar Em ti sobre o alto mar... Ai! Não sabes que saudade Padece o nauta ao partir, Sentindo na imensidade, O seu batel fugir, Incerto do porvir! Os perigos da tormenta Não se comparam querida! Às dores que experimenta A alma na dor sentida Nas ânsias da partida Adeus à luz que desmaia, Nos coqueirais ao sol-pôr... E, bem pertinho da praia, O albergue, o ninho, o amor Do humilde pescador! Quem vê, ao longe, passando Uma vela, panda, ao vento, Não sabe quanto lamento Vai nela soluçando, A pátria procurando! Praieira, meu pensamento, Linda flor, vem me escutar A história do sofrimento De um nauta, a recordar Amores, sobre o mar! Praieira, linda entre as flores Deste jardim potiguar! Não há mais fundos horrores, Iguais a este do mar, Passados a lembrar! A mais cruel noite escura, Nortadas e cerração Não trazem tanta amargura Como a recordação, Que aperte o coração! Se, às vezes, seguindo a frota, Pairava uma gaivota, Logo eu pensava bem triste: O amor que lá deixei, Quem sabe se inda existe?! Ela, então, gritava triste: Não chores! Não sei! Não sei... E eu, sempre e sempre mais triste, Rezava a murmurar: “Meu deus quero voltar!” Praieira do meu pecado, Morena flor, não te escondas, Quero, ao sussurro das ondas Do Potengi amado, Dormir sempre ao teu lado... Depois de haver dominado O mar profundo e bravio, À margem verde do rio Serei teu pescador, Ó pérola do amor! (*) Othoniel Menezes compôs Praiera em 1922 em homenagem aos seis remadores potiguares que fizeram o raid Natal Rio de Janeiro em uma pequena embarcação à remo. Fontes: Blog Literatura Potiguar e othonielmenezes.com.br Video: Youtube Imagens: Blog

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