segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Aposta.


"Menino ruim não vale uma bosta de burro" já dizia meu finado avô Bernardino. O velho era espezinhento e sabia de tudo: mesmo "ruim das vistas" e "ruim das ouças" o danado se acercava de tudo o que se passava nas redondezas...Ficava pra lá e pra cá, de um lado a outro da rua, indo e vindo ao Mercado Publico, aonde estavam a maioria do comércio da pequena cidade, inclusive seu antigo comércio, agora aos cuidados do seu único filho homem.
Havia lá pras tantas da tarde, um ajuntamento de menino nas calçadas das Mercearias (também chamada de Bodegas), principalmente na Bodega de "Seu Joaquim" (Esse era Brasileiro). É que o velho Joaquim mascava um fumo danado (fumo de rolo)e os meninos depois de ganharem dinheiro nas "bilocas" e nos "abafas" das figurinhas, desandavam a fazer todo o tipo de apostas...Pois bem...
A meninada ficava escorada na parede ao lado da bodega de "Seu Joaquim" esperando a próxima cusparada depois dele ter "mascado o fumo", para apostarem quem acertava a distancia do cuspe do velho...e olha que o velho cuspia longe que era uma beleza ! Quando o vento ajudava a cusparada passava do "meio da rua", e esse era o maior valor de todas as apostas...Valia tudo !
Seu Joaquim "soltava os bichos" com os "trezentos milhões de diabos" que ele praguejava quando via "umarruma" de menino "sem ter o que fazer" em frente da sua bodega. Mal sabia ele do motivo de tanto menino à porta do seu estabelecimento comercial. Acho que nunca soube. Fazer o que ? Menino ruim não vale uma bosta de Jumento, já dizia Bernardino.

Texto:João Bryto
Foto: Internet

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