sábado, 15 de maio de 2010

Celso da Silveira: Um grande Escritor e Poeta do Vale do Assú


CELSO DA SILVEIRA, "CHEIO DE GRAÇA" (Trancrito do Blog do também Assuense, Fernando Caldas).
Celso Dantas da Silveira (1929-2004), assuense de boa cepa, garboso, bonachão, eloquente, prosador dos melhores. Eu tinha por ele uma grande admiração. Sorriso franco, glutão famoso. Celso carregava no seu corpo de média estatura, seus bons cento e tantos quilos. Nasceu na cidade de Assu, no antigo sobrado conhecido como castelo, da então rua Siqueira Campos, atual prefeito Manoel Montenegro, número 84, onde nasceu também o poeta Renato Caldas . A sua existência foi prazenteira e feliz. Era um exímio contador de estórias pitorescas de sua criatividade e das figuras espirituosas da terra potiguar.
Menino irrequieto, cheio de peripécias próprias da idade. Celso metido a gente grande, sempre acompanhava seus pais João Celso e dona Marizinha nas festas realizadas no Assu. Certa vez, num baile de carnaval num local improvisado vizinho a um velho armazém de compra e venda de algodão, da antiga rua São João, deu uma escapolidinha para cheirar lança perfume. Seu pai ao encontrá-lo em porre, alucinado, ouviu dele, Celso, a frase denunciadora: "Não diga a papai, não".
Certo dia, Celso fora a um certo Centro Espírita, de Natal. O médium vidente a ele se dirigiu para lhe fazer alusão a um espírito de luz que o acompanhava. E ele então desejou saber daquele médium mais detalhadamente sobre o porque da predileção daquele espírito para com ele. O médium respondeu descrevendo o tipo do espírito: "O nome dele é Douglas, é padre, italiano, desencarnou em São Paulo". Celso gracioso não deixou para depois, dizendo assim: "Será que esse Douglas é aquele que dirige o meu carro quando estou bebado?"
Celso teve o privilégio de estudar no Colégio Militar Castelo Braco (de formação de cadetes) , de Fortaleza. Foi orador do Grêmio Lítero Estudantil Padre Antônio Maranhão. Herdou dos seus ancestrais a arte da prosa e do verso e produziu uma obra literária que enriquece o folclore norte-rio-grandense.
Na terra assuense de tantas tradições, Celso foi escoteiro, vereador, professor, ator, fundou o Jornal "Advertência" em parceria com João Marcolino de Vasconcelos, o 1º Museu de Arte Popular, do Brasil, bem como o Clube do Copo, que tinha como objetivo realizar saraus, tertúlias literárias e serenatas.
Celso nos idos de cinquenta deixou a convivência harmoniosa da Fazenda Camelo e Limoerio, dos verdes carnaubais da sua terra, passando a residir em Natal do "Potengi amado" como diz a canção de Othoniel. Naquela capital, bacharelou-se em jornalismo e comunicação Social pela Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, trabalhou e colaborou em diversos jornais de Natal , como Tribuna do Norte e foi reporter da sucursal do Jornal do Commércio, do Recife, exercendo também outras atividades como Chefe de Gabinete do Prefeito Djalma Maranhão e Assessor de Imprensa do Governo Aluízio Alves que criou em 1960, aquela função específica no Palácio do Governo.
Ele conviveu com grandes nomes das letras potiguares, como Câmara Cascudo (que ele conheceu através do poeta Renato Caldas), Veríssimo de Melo, Manoel Rodrigues de Melo, Sandoval Wanderley, Newto Navarro, Luis Carlos Guimarões, Sanderson Negreiros, Bosco Lopes, Myrian Coeli (com quem veio a se casar), Andriere "Majó" Abreu e tantos outros da velha e jovem guarda.
No dizer de Manoel Onofre Junior, Celso "vale por toda uma academia", pois, a sua obra é constituída de "26 Poemas de Um Menino Grande", 1952 (seu livro de estréia que mereceu elogio e a influência do grande poeta modernista João Lins Caldas ) , "Imagem Virtual", 1961, "Glosa Glosarum", 1979, "O Homem Ri de Graça", 1982, "Salvados do Assu", 1996 (que conta alguns fatos da história do Assu, seus casarões e aspectos da regiao do vale), "Assu, gente, Natureza, História", 1996, (livro diático), "Peido, o Traque Pum" - O Valor que o Peido Tem", 1989, "Anjos Meus, Aonde Estais", 1996, (que relembra algumas figuras e poetas assuenses do passado).
E numa manhã de domingo, 2 de janeiro de 2005 (ele nasceu no dia 25 de outubro de 1929) , partiu aos 75 anos de idade para fazer versos e graças lá no céu, deixando o Assu - a terra que ele tanto amou - sem a sua irreverência, sem o seu talento e sem a sua arte de poetar, que lhe fez poeta consagrado e conhecido como "O Bocageano Potiguar" pelos seus versos fesceninos, que sabia produzir. Ele está enterrado na cidade do Natal, terra que ele escolheu para viver até morrer. O seu sepultamente ocorreu conforme pedira aos seus familiares: "Sem choro nem vela, sem discursos nem flores."

Texto Fonte: www.blogdofernandocaldas.blogspot.com (05.11.2007)
Foto: Internet.


Celso da Silveira, era uma grande figura: Baixinho, gordo , bigodudo, logo era notado em qualquer lugar aonde estivesse porque suas "conversas" eram rechadas de muita ironia e humor...Ninguém ficava indiferente à sua presença.
Tive o privilégio de conhecer Celso da Silveira ao encontrá-lo por diversas vezes na antiga Editora e Livraria Clima do Carlos Lima, lá no bairro da ribeira.
Celso era um cronista... Contava histórias, "causos" e piadas de pessoas que conheceu e conviveu. Seu Livro " O Homem Rí de Graça" é excelente...Uma viagem.

Texto Final: João Bryto.

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