quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Dia em que uma calcinha foi Bandeira do Brasil.


A gravura ao lado é uma ilustração cartográfica com destaque para Botafogo, baseada no mapa "General Chart of the Coasts of Brasil", de Laurie, Purdy e Findlay, publicado em Londres, em 1853. Era nessa região que morava Gertrudes e trabalhava Ewald, pivôs da história de hoje.
Após extensas negociações diplomáticas, em 1825 D. Pedro I obteve o reconhecimento de nossa independência pela Inglaterra e Portugal. O fato daria uma importância extraordinária ao desfile cívico daquele ano, no Campo de Santana, a ser aberto pela tropa dos temidos mercenários alemães.
Aqui cabe explicar: as nossas forças militares eram formadas por portugueses e, após a nossa independência, o Imperador não podia mais confiar neles. Daí contratou centenas de mercenários alemães que estavam desempregados com o fim das guerras napoleônicas. Eles foram instalados no quartel do Campo de Santana e na velha fortaleza da Praia Vermelha (veja 'Fta. da Vermelha', no mapa ).
Além de truculentos, esses soldados era insubordinados e bagunceiros, dando mais prejuízo que segurança ao País. O mais esculhambado deles era justamente o comandante do quartel da Praia Vermelha, Major Von Ewald. Amigo pessoal de D. Pedro I, era seu cúmplice nas esbórnias noturnas que promoviam nas tavernas da cidade. Alcoólatra e falastrão, Von Ewald se apaixonara por uma famosa e rica prostituta - Gertrudes - que morava numa luxuosa chácara na Praia de Botafogo.
De início, Gertrudes delicadamente o repeliu e então Ewald resolveu demonstrar seu poder e autoridade: passou a organizar desfiles das tropas alemães diante da casa dela. Seduzida por tal devoção, a prostituta cedeu aos desejos do Major - certos autores identificam aí a origem da expressão "topou a parada", que passou a ser usada primeiramente em tom de galhofa e depois se integrou ao nosso vocabulário popular. Mas para se tornar amante regular de Ewald, a rameira exigiu uma outra prova de amor...
No dia do desfile da Independência, todas as autoridades e milhares de pessoas assistiam à tropa dos alemães entrar garbosa no Campo de Santana, trajando seu uniforme de gala, quando ocorreu a estupefação geral. No lugar do pavilhão nacional, a bandeira do Brasil ostentada pelo batalhão, pendia um apetrecho nada cívico: as cintas-ligas de Gertrudes, ali colocadas por Von Ewald como prova de amor a sua exigente meretriz.
Após o desfile, D. Pedro I mandou prender Von Ewald, rebaixou-o de posto e o sentenciou a uma surra de vara (costume da época). O alemão chegou a fugir, mas logo foi recapturado. Poucos dias depois, o imperador o perdoou e tudo voltou a ser como antes, inclusive as bacanais e porres da dupla. E não podemos esquecer que o imperador mantinha com dinheiro público duas amantes: a Marquesa de Santos e sua irmã, a Baronesa de Sorocaba. Não seria ele quem iria querer moralizar coisíssima nenhuma.
Nota
1) Naquela época o desfile cívico de comemoração da Independência não era realizado em 7 de setembro, mas em 12 de outubro - data da Aclamação do Imperador.

Fonte: www.serqueira.com.br - Mapas Antigos,Histórias Curiosas

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