sexta-feira, 30 de março de 2012

Riqueza grande.

D. Vivi morava na rua que ficava paralela à rua principal da cidade. Gente simples do interior que a Deus tudo agradece e com o pouco que tem se contenta. Quase todas casas eram de alvenaria simples,meia água, umas caiadas outras não; porta, janela e um bico de luz. Na pequena casa não tinha quase nada: na sala dois tamboretes, um banco de madeira, um desenho da foto do casal na parede, uma imagem de Frei Damião e Nossa Senhora. No único quarto, dois armadores de redes e uma cama com colchão de palha de bananeira, costurado à mão, um velho guarda roupas. Por fim, na cozinha, o pote dágua, fogão à lenha de duas bocas, panelas dependuradas nos caibros, armario de louças e uma pequena bacia de ágata para se lavar as mãos. Vez em quando ia visitar Dona Vivi. Era sempre recebido com um largo sorriso de uma sinceridade inexplicável....acho que os experts em etiquetas sociais iriam se surpreender com a elegancia e finesse daquela senhora. - João, que surpresa boa é essa ? Depois dos primeiros cumprimentos vinha sempre um nobre convite : - João, voce aceita tomar um café ? Tão logo a lenha do fogão começava a estralar, ela punha o bule dágua, depois o pó do café e por fim coava, logo após a fervura...o aroma gostoso do café invadia todo o ambiente. Ficava a admirar a educação daquela Senhora e o cuidado em oferecer e dividir com suas visitas o pouco que tinha de uma maneira extremamente expontanea. Lembro-me de um dito popular que minha sábia mãe sempre dizia: “O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”. Riqueza grande é dividir o pouco que se possui. Texto: João Brito Imagem: Anna Mariani / vivercidades

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