A Mulher trajava um vestido curtissimo e surgiu de repente ao dobrar a esquina à procura de um Cristão que trocasse os R$ 50,00 que ela conseguira ganhar em mais um programa que havia feito, numa dessas Casas de Drinks no bairro do alecrim.
Nossa conversa foi interrompida pela pressa dela em resolver o problema do troco que teria que dar ao freguês/cliente daquele fim de tarde de uma segunda-feira.
Programa barato.
A roupa curta e o desembaraço em infiltrar-se numa conversa de amigos, sem nenhum constrangimento logo fe-la identificar-se como uma mulher da vida, uma puta, uma mulher de programa.
Em meio a alguns marmanjos ela perguntou educadamente a cada um:
- O Sr. pode trocar R$ 50,00 para mim ?
As respostas transformaram-se em perguntas e foram as mais óbvias possíveis:
- Ainda tem troco ? - Ta cobrando pouco porque ta ficando velha ? - Fez o serviço completo ou deixou pela metade ?
Então fiquei a observar aquela mulher de vida difícil, porém educada, abri a minha carteira de cédulas e troquei os R$ 50,00 que ela tanto queria. Ela me entregou a nota de R$ 50,00 olhou para mim, sorriu e me disse:
- O Senhor é o único homem que existe aqui, . Não porque trocou o dinheiro mas porque me tratou com educação. Sou puta mas também sou gente.
Os outros calaram-se, ela saiu com seu vestido curto, de cabeça erguida, feliz da vida e rebolando.
Texto: João Brito
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