Na década de 70 a única coisa que metia medo quando íamos "bater bola" na Praia dos Artistas era de encontrar uma certa figura dentro do velho onibus Mercedes Benz "Cara Curta" que fazia a linha "Areia Preta Vila São José". Ficávamos um bom tempo esperando-o na Rua Segundo Wanderley para enfim irmos ao "Paraíso" que era passar a manhã e parte da tarde de um sábado "batendo bola" na Praia dos Artistas.
Geralmente ia uma meninada danada, misturada com alguns adolescentes (Os caras grandes); vizinhos, amigos, quase irmãos...
Quando o onibus chegava na Cidade Alta subia um Senhor de meia idade, já meio careca, de óculos, vestindo um short bem apertado e camiseta regata. Nesse momento a gente começava a sentir realmente medo porque aonde ele se sentasse ou ficasse, queria pegar no "bilau" de um ou de outro e a sua mão frenética e inquieta escorregava pelo corre-mão indo de encontro certeiro ao seu alvo.
Era uma malhação danada com quem fosse vítima da tal "Biba"...para não falar nos comentários maldosos durante um longo tempo tipo "você deixou o cara pegar", " parece que gostou", coisas assim...
Pois bem; esse era o único medo que tínhamos em pegar onibus naqueles bons tempos: de encontrar e enfrentar essa tal velha bicha louca tarada e descontrolada.
Hoje em dia o medo é outro: medo da violencia, do assalto, da bala (perdida ou certeira), de morrer dentro de um onibus de uma maneira banal e brutal.
Hoje em dia o medo é outro: medo da violencia, do assalto, da bala (perdida ou certeira), de morrer dentro de um onibus de uma maneira banal e brutal.
Foto: Internet
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